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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Alemanha em detalhes: a hora de fazer compras


Esse é mais um post da série “Alemanha em detalhes”, com dicas pra evitar apertos e furadas. Já publiquei um sobre banheiro, mas desta vez o assunto são as compras. Tudo aquilo que você precisa saber mas ninguém vai ter paciência de explicar.

Carrinho de mercado -  Para pegar um carrinho de supermercado, você precisa de uma moeda de 1 Euro. Você coloca essa moeda no lugar específico, na parte onde se empurra o carrinho, e solta ele dos demais. Quando terminar de fazer as compras, basta levar ele ao local, trancar com a corrente do carrinho anterior e pegar seu dinheiro de volta.

Trancado: coloque uma moedinha para liberar o carrinho de supermercado

Moeda sempre à mão - Apesar de não pagar pelo carrinho, o difícil é ter sempre uma moeda de 1 Euro na carteira (alguns poucos mercados aceitam moedas de 50 centavos também). Então uma dica bem brasileira: traga na carteira uma moedinha daquelas antigas (a prateadinha) de 25 centavos do Brasil. Ela funciona perfeitamente pra soltar o carrinho e você nunca vai gastar a dita. Algumas marcas dão de brinde umas fichinhas plásticas que servem para liberar os carrinhos. Também existem chaveiros com a mesma finalidade.

Na carteira: moedinha de 25 antiga brasileira também libera o carrinho

Na hora de passar no caixa do mercado - Supermercado alemão é uma coisa meio fora dos padrões que os brasileiros estão acostumados. Você vai descobrir que os mercados tem poucos caixas, mas nem por isso são demorados. As esteiras são gigantes antes do caixa. Você coloca suas coisas assim que se aproximar e, ao fim delas, coloca uma divisória plástica que está disponível no balcão. Assim o funcionário sabe o que é seu e o que pertence ao próximo cliente. Feito isso, na sua vez, você passa o carrinho para o outro lado e a caixa vai olhar fuzilando pra ver se está vazio.

Sem espaço para as compras - Não existe espaço para colocar as compras depois que são passadas no caixa. E os funcionários de caixa são muito, mas muito rápidos. O que fazer? Sempre pegue um carrinho e vá jogando todas as coisas dentro dele, o mais rápido que puder. Então pague e vá para um balcãozinho na saída do mercado para empacotar suas coisas com calma. Se você demorar no caixa, vai levar cara feia ou mesmo será repreendido por outro cliente com menos paciência (ou seja, todos! :P).

Achei um videozinho que ilustra melhor como as coisas funcionam. Prepare seu coração porque as cenas são fortes (e é exatamente isso que vai acontecer com você!).



Sacolinhas – Na hora das compras você precisa levar suas próprias sacolas ou pagar pelas sacolas plásticas que os mercados oferecem (de 7 centavos as mais simples até 25 pelas mais reforçadas, ou mesmo 1 Euro por sacolas de pano reutilizáveis). Escrevi sobre as sacolinhas aqui. Caso for usar as plásticas,  lembre-se de coloca-las junto com suas compras na esteira do caixa.

Organização – Existem dois tipos de supermercado na Alemanha. Os “normais”, mais parecidinhos com os do Brasil, com as mercadorias organizadas nas estantes e os “discounters” (Aldi, Lidl, Penny, Netto, etc) onde a proposta principal é vender barato. E estes último são um choque na primeira vez que você entra: as mercadorias estão em caixas empilhadas sobre estruturas de madeira, quando grandes. As coisas menores ganham espaço nas estantes, mas também ficam nas caixas.

Diferente: as mercadorias permanecem nas caixas mesmo quando dispostas nas prateleiras*

Cestinhas – São raros os mercados que oferecem cestinhas de compras para os clientes. Ou você usa carrinho ou usa suas sacolinhas recicláveis – as mesmas que vai colocar as compras depois de pagar – para colocar as coisas enquanto escolhe. Eu sugiro pegar um carrinho sempre que for comprar mais do que cinco coisas, tendo em vista a hora do caixa, que já falei acima. Mas você também pode usar o jeitinho alemão: escolha uma caixa vazia nas estantes (tem sempre montes delas no meio da mercadoria que está à venda) e coloque suas coisas dentro dela.

Desconto - Se você está comprando em uma loja, o preço final é o preço da etiqueta e deu. Não adianta pechinchar, chorar, pedir. Aliás, não faça isso: de certa forma é bastante ofensivo.

Pechincha - Já nos Flohmarkets (ou mercado das pulgas), o vendedor espera que você pechinche. É a regra do jogo: ele vai dar um preço inicial, você sugere o segundo – geralmente metade do que ele pediu – e a coisa segue. Se você não pechinchar o vendedor vai achar que colocou um preço barato demais na mercadoria! Eheheh

Troco exato -  Se o objeto ou serviço que você vai pagar custa 2,42 Euros, por exemplo, não adianta dar 2,40. Os valores são sempre exatos e isso vale para os dois lados. Se o seu produto custou 1,99, você vai receber o um centavinho de troco.

Local certo para pagar -  Em cafés, padarias ou mesmo em algumas lojas, existe um pratinho acrílico sobre o balcão: é nele que você deve colocar o dinheiro do pagamento.

Atendimento -  Vendedores alemães não são as pessoas mais simpáticas do mundo. Então, se você não tem a menor intensão de comprar o produto, poupe a sua paciência e o trabalho dele e não faça perguntas.

Trocas de mercadorias - Trocar ou devolver objetos é uma prática muito comum. Você tem, geralmente, duas semanas para se arrepender da compra. Nesse tempo, leva na loja e eles devolvem o dinheiro sem muitas perguntas. Isso vale para quase tudo.

Pagamento com cartão -  Cartão de credito não é algo tão aceito aqui como é no Brasil. Mesmo grandes redes de loja (como a Saturn, que vende eletrônicos), não aceitam cartão de crédito. Você pode usar o  débito, claro, mas nesse caso fique atento. Por cartão de débito se entende um EC Card, ou seja, cartão de uma conta corrente alemã e não cartões do tipo Visa Travel Money. Então, antes de comprar, vale ir até um caixa e mostrar o cartão que você tem em mãos pra ver se é aceito.

Tax Free - De você não é residente na Europa, pode economizar uns bons euros fazendo o Tax Free e recebendo o que pagou de imposto de volta. Em alguns produtos, chega a 17% do valor o que significa uma economia bem interessante. O dinheiro é pago em guichês específicos para isso nos aeroportos internacionais e você precisa levar a documentação pronta. Assim, sempre que fizer uma compra significativa em uma loja, vá ao serviço de atendimento ao consumidor com a nota fiscal, seu passaporte, e peça para que preencham o formulário. Para facilitar a vida, escreva seu endereço residencial do Brasil em um papel e tenha sempre consigo: a funcionária precisará coloca esses dados no formulário e a dificuldade em entender o endereço brasileiro é grande, geralmente.

Se ficou faltando algum item, é só mandar a sugestão!

*Foto originalmente publicada aqui, sem nome do autor, e licenciada de acordo com as regras do Creative Commons

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Berlin temática: dicas de turismo e informação para conhecer tudo sobre o muro que dividiu a Alemanha


Há muito o que se ver em Berlin e por isso, em vez de montar roteiros turísticos, resolvi dividir a cidade por temas. Assim fica mais fácil escolher o que visitar a partir de um assunto de interesse. E pra começar essa saga, não tinha como fugir do óbvio: o muro.  E antes de qualquer dica turística ou explicação, que fique anotado um dado que pode ser redundante para uns, mas ao mesmo tempo responde a dúvida de outros. O muro não separava as duas Alemanhas, fora a fora. O muro separava a Berlin capitalista (West Berlin) do restante da Alemanha comunista: ou seja, formava uma espécie de “ilha” ocidental dentro da Alemanha oriental.

Berlin dividida: o muro formava uma "ilha" ocidental dentro da Alemanha comunista

Vale dizer ainda que a parte que ficava para o lado de dentro do muro também era dividida, com setores controlados pelos aliados. Assim, havia o setor americano (Kreuzberg, Neukölln, Schöneberg, Steglitz, Tempelhof e Zehlendorf), o setor inglês (Charlottenburg – onde eu moro! :), Spandau, Tiergarten e Wilmersdorf) e o setor francês (Reinickendorf, Wedding). Já do lado de fora do muro, ou seja, na parte comunista (East Berlin) – ou também chamado de setor soviético – ficavam os bairros de Friedrichshain, Köpenick, Lichtenberg, Mitte, Pankow, Prenzlauer Berg, Treptow, Weissensee, Marzahn, Hellersdorf  e Hohenschönhausen. Uma curiosidade é que, nessa época, cada setor tinha seu próprio aeroporto. Atualmente, são apenas dois em operação – Tegel e Schönefeld, sendo que o primeiro fecha suas portas em junho e todas as operações serão feitas a partir do segundo, que vai se chamar oficialmente Aeroporto Internacional Berlin-Brandenburg.

 Berlin dividida em 4: West, com seus três setores e East, a área comunista

Voltando ao muro. Logo depois do fim da guerra, as pessoas podiam ainda transitar de um lado para o outro da cidade. Entre 1949 e 1961, estima-se que mais de 3 milhões de pessoas migraram da Alemanha Oriental para a Ocidental, muitas usando Berlin como ponto de partida. A fuga de mão-de-obra qualificada – muitos eram médicos, engenheiros, professores – levou a DDR a endurecer seu controle de fronteiras e, em Berlin, a barreira foi imposta do dia para a noite.  Na madrugada de 13 de agosto de 1961, o exercito comunista construiu cercas metálicas em volta de toda a área ocidental e, a partir desse isolamento provisório, passou a erguer a barreira definitiva, com dois muros de isolamento com cerca de 4 metros de altura – entre eles ficava um espaço conhecido como “terra de ninguém” – e 111 quilômetros de extensão.

Cerca de 80 pessoas morreram em tentativas de cruzar de um lado para o outro durante os 28 anos que o muro ficou de pé, até sua queda, em 9 de novembro de 1989. Esse número é bem maior pelo registro de algumas ONGs e tem um texto da Deutsche Welle sobre o assunto aqui. Sobre a queda, vale dizer que foi o momento mais marcante do processo de reunificação das duas Alemanhas, oficilalizado em 3 de outubro de 1990. A data (3/10) é feriado nacional e cada ano uma cidade é sede das festividades.  Na breve pesquisa, encontrei esse documentário da época da divisão. Esta em inglês e é bem triste, mas mostra com clareza e imagens originais como foi a divisão de Berlin em duas.


Feita a introdução, que deixou o post mais longo do que eu esperava, é melhor falar logo do que esse texto inicialmente propunha.  Visitar Berlin é encontrar viva a história do muro e das duas Alemanhas pelas ruas da cidade e em museus. Então, para saber mais sobre o muro, anote ai o que visitar:

Gedenkstätte und Dokumentationszentrum Berliner Mauer – Em português, Memorial e Centro de Documentação do Muro de Berlin (site oficial). Fica na Bernauer Straße, um ponto onde muitas pessoas tentaram atravessar o muro e onde ficava a Versöhnungskirche (Igreja da Reconciliação, por ironia!). Na divisão de Berlin, a igreja ficou na terra de ninguém e foi destruída em 1989 por atrapalhar a vigilância. Em seu lugar hoje existe uma capela. No local, uma parte do muro foi reconstruída apenas com barras metálicas, recriando o trajeto. Marcações no chão indicam a trajetória de túneis escavados para a fuga e as histórias de sucesso e os mortos são lembrados. Há também totens explicativos, com fotos, textos e vídeos com imagens da época. Junto ao centro de documentação há uma torre metálica (entrada gratuita) de onde se pode ver uma parte do muro preservada: os dois muros, uma torre de vigilância e um pedaço inacessível do que já foi, um dia, a terra de ninguém.  Para chegar lá, vá de metrô até a Bernauer Straße (U8).

Preservado: do alto da pra ver os dois muros, a torre de vigilância e a terra de ninguém

Informação: totens contam a história do local como a demolição da Versöhnungskirche

Berlin Nordbahnhof – Fica ao lado do Memorial do Muro e, na entrada mais próxima a Bernauer Straße mostra as marcas da divisão. Dentro da estação estão murais (um pouco deteriorados, mas não menos interessantes) sobre a as estações fantasma: estações que foram desativadas com a separação de Berlin por onde os trens do lado ocidental seguiam passando, mas sem autorização de parar. Os motoristas, no entanto, eram orientados a cruzar essas áreas em baixa velocidade para que pudessem parar e socorrer qualquer cidadão que  - apesar das entradas lacradas e da forte vigilância subterrânea – tentasse fugir para o lado ocidental.

Fechadas: murais contam a história de estações fantasma

Sem uso: trens passavam pelas estações fechadas, mas não podiam parar

East Side Galery – Trata-se do maior trecho preservado do muro. Em algumas partes é possível ver até mesmo os dois muros e caminhar pelo que já foi a terra de ninguém.  As pinturas foram feitas originalmente depois da queda do muro, em 1990, e estão do lado comunista, em uma área onde, na época da divisão, não era permitido sequer caminhar. As pinturas foram restauradas alguns anos depois, mas vândalos insistem em assinar ou mesmo pichar as obras. É um daqueles locais imperdíveis de Berlin. Não se pode deixar a cidade sem caminhar ao longo dos 1300 metros da Mühlenstraße. Para chegar lá, vá até a Warschauer Straße ou até a Ostbahnhof. O site oficial da East Side Galery é este. De lá, olhando em direção à Warschauer Straße, da pra ver duas torres: trata-se da Oberbaumbrücke, onde foram gravadas algumas cenas do filme Corra Lola, corra (Lola Rennt). Quando for visitar essa parte do muro, não deixe de provar o delicioso faláfel que é servido nas redondezas. A dica do restaurante está aqui.

Galeria: pinturas marcantes como o beijo dos líderes soviéticos Leonid Brezhnev e Erich Honecker pintado por Dmitri Vrubel

Não se pode deixar de ver: são 1300 metros de muro preservados, cobertos com pinturas de diferentes artistas 

Símbolo: a Oberbaumbrücke se tornou um símbolo da reunificação e foi cenário de filme

Mauerpark Parque do Muro, em uma tradução literal. Fica bem perto do memorial da Bernauer Straße, mais precisamente, na esquina da Bernauer com a Eberswalder Straße. Era uma parte da terra de ninguém que, depois da queda do muro foi transformada em parque. Hoje é um dos endereços preferidos dos jovens descolados e hipsters da região, que se reúnem por lá nos dias ensolarados para treinar malabares, fazer piqueniques ou mesmo brincar com as crianças ou passear com os cachorros. Aos fins de semana, o local abriga um dos mais famosos mercados de pulga (Flohmarket) da cidade. O mercado acontece aos domingos pela manhã e início da tarde, mas o parque pode ser visitado a qualquer hora.


Check Point Charlie -  Haviam diversos pontos de passagem entre os dois lados do muro de Berlin, os check points. O mais conhecido, representado pela letra C (Charlie, de acordo com o Alfabetofonético da OTAN) ficava na  Friedrichstraße com a Zimmerstraße e Mauerstraße (U6 – desça na Kochstraße). Ao longo dos anos em que a cidade foi dividida, várias guaritas foram construídas no espaço e a que se tornou um dos mais famosos pontos turísticos de Berlin, nada mais é do que uma cópia inspirada nas primeiras estruturas, da década de 60. Dois “guardas” fazem plantão no local e cobram 2 Euros por pessoa para que se tire uma foto ao lado deles: mico total. Ao lado, foi colocada uma cópia da placa que marcava a fronteira, anunciando o fim do setor americano. Junto ao Check Point Charlie há ainda um museu privado que conta a história do que se passou por lá. Apesar de se tratar de uma visita daquelas obrigatórias nos roteiros pela cidade, acho o mais decepcionante dos pontos turísticos. A única coisa bacana é um mural construído ao longo da Friedrichstraße e da Zimmerstraße e que fala das tentativas de fuga e da vigilância acirrada da época.


Réplica: o Check Point Charlie decepciona se comparado às outras atrações

Marienfelde Refugee Center Museum –  O Museu doCentro de Refugiados Marienfelde reúne documentos, fotos, vídeos e objetos relacionados aos alemães que fugiram da DDR para a Alemanha ocidental. O museu funciona onde antes eram acolhidos os refugiados: cerca de 1, 35 milhão de pessoas passaram por lá e receberam assistência para fazer sua documentação e vistos de permição para residir em West Berlin ou em outras partes da Alemanha. A entrada é gratuita. O museu fica na Marienfelder Allee 66/80. A estação de metrô tem o mesmo nome.

Muro virtual – Para fechar a experiência sobre o muro, valem algumas indicações on-line também. Primeiro, vale conhecer o projeto Memorial Landscape BelinWall. Trata-se de uma pesquisa detalhada que mostra o que ainda existe do muro na cidade, com imagens atuais, remontando  o trajeto e revelando que muitas paredes ou muros existentes hoje em dia eram, na verdade, parte da antiga divisão das Alemanhas. Outra dica bacana é baixar um aplicativo com detalhes sobre a localização e pontos de interesse do muro (disponível pra Android e iPhone). Para quem gosta de realidade aumentada, este outro aplicativo “reconstrói” o muro. Baseado em geolocalização, o aplicativo mostra, pela tela do celular, onde ficava o muro, tornando possível ver a cidade dividida em tempo real (o vídeo abaixo ta em alemão, mas da pra entender facilmente pelas imagens). Por fim, a visita fica completa com as informações do site Crônicado Muro de Berlin (em inglês e alemão), que narra todos os fatos marcantes dos 28 anos de história da divisão alemã, com imagens e um detalhamento único.




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dica de viagem: opções de comida para gastar pouco e sentir o sabor de Berlin

Viajar só é uma experiência completa quando se pode perceber o país visitado com todos os sentidos.  Cores, cheiros e sabores completam o cenário urbano e podem ser tão marcantes quanto visitar um monumento ou passear por um parque famoso. Em Berlin não é diferente. A Alemanha é cheia de sabores, diferentes em cada região, mas é provável que sua capital tenha o paladar mais internacional do país. Isso se reflete nos cardápios dos restaurantes, mas também na comida das ruas.

Algumas coisas são obrigatórias. Vir para Alemanha significa provar joelho de porco com chucrute  ou ainda Spätzle com queijo. Ao mesmo tempo, não se pode sair de Berlin sem provar o mais tradicional prato da cidade: a currywurst. Em qualquer esquina existe uma barraquinha vendendo a iguaria. Mas esse post é exatamente para dizer qual é a melhor e ainda deixar as dicas de algumas boas opções da cidade. Se quiser conferir ainda, tem um post muito legal sobre o mesmo assunto, em inglês, nesse link aqui.

Currywurst – Uma das mais famosas é a Curry 36. E faz jus a fama.  Trata-se do prato mais tradicional de Berlin e começou a ser servido no pós-guerra como uma opção barata para quem precisava comer nas ruas.  O assunto é tão sério por aqui que o prato ganhou um museu inteirinho dedicado a ele: o Currywurst Museum. Para explicar rapidamente a iguaria local: trata-se de uma salsicha de porco – que pode variar imensamente de um lugar para o outro, sendo a Bratwurst o mais usado, mas podendo se parecer com  Knacker e ainda bem próxima da Wienerwurst em alguns.  Você pode escolher entre a versão com pele (Darm) ou sem (ohne darm). Eu prefiro a com pele... mas as duas não variam muito de sabor. A salsicha é grelhada (ou cozida, dependendo do tipo) e cortada em rodelas. É servida com um molho de catchup temperado e curry, claro. Pode vir acompanhada de batatas fritas ou de um pãozinho, mas o tradicional é comer pura mesmo. O Curry 36 fica na Mehringdamm 36 (bem pertinho da saída da estação de metrô Mehringdamm). Pratos a partir de 1,50 Euro.

Delícia: Currywurst do Curry 36 é uma das melhores de Berlin


Sempre cheio: o movimento é grande no Curry 36

Döner Kebap – Vir pra Alemanha e não comer Döner é como ir pra Italia e não comer macarrão. Trata-se de uma comida turca, mas criada na Alemanha. Depois da Segunda Guerra Mundial, os turcos começaram a imigrar para a Alemanha, para trabalhar na reconstrução do país. Então, empregados na construção civil, precisavam de uma comida rápida. Alguém decidiu colocar a comida típica do país dentro de um pão chato chamado pita (döner kebab) ou de uma tortilha (durün döner) e assim nascia o sanduíche de carne de ovelha ou frango,  servido de Norte a Sul da Alemanha. É difícil encontrar um que seja ruim, já que todos se parecem. Mas é raro encontrar um que seja tão bom quanto o Mustafá. Trata-se de um quisquezinhoinho bem pequenininho e sem qualquer charme: mas pela fila que tem a qualquer hora, chovendo ou nevando, fica fácil saber que a comida é boa. Fica quase em frente ao Curry 36, também na estação de metro do Mehringdamm, exatamente aqui. Eles têm  o Döner de frango com legumes e ainda uma variação especial para os vegetarianos. Custa 2 Euros o sanduiche vegetariano e 2,90 Euros o de frango. É o melhor que já comi na vida: bem temperado e, na hora de servir, colocam um pouco de queijo feta e espremem um limãozinho. Ai, ai... O site deles merece uma visita. É muito engraçado!

O melhor da cidade: Döner de frango com legumes do Mustafa

Feio, mas gostoso: só pela fila já da pra imaginar que a
comida do Mustafa é boa

Faláfel – Já deu pra perceber que a cozinha de Berlin é tão internacional quanto a cidade. Para quem está disposto a provar os sabores da capital alemã, não pode deixar de fora essa iguaria de origem árabe. Muitos restaurantes turcos servem também faláfel, mas o melhor que eu já provei em Berlin fica em Friedrichshain. É longe do centro, mas perto da East Side Gallery: então da pra comer por lá quando for conhecer os restos do muro.  Só pra explicar, faláfel são bolinhas de grão de bico fritas e podem ser servidas dentro de sanduíches em pão chato (pão pita) ou em um prato com salada, geralmente. Já fiz em casa: da um trabalhão e fica gostoso, mas nem de longe tão bom quanto o que o restaurante Haroun al Rachid serve. É um daqueles lugares perdidos que você descobre por que um amigo indicou pro outro, que passou para o outro e por ai vai. Sempre que vamos lá pedimos o Faláfel Teller: ou seja, no prato. Custa 4,50, vem com saladas variadas, húmus e um pãozinho. Delicioso. Para chegar no Haroun, você precisa ir de metrô ou S-Bahn até a estação chamada Warshauerstrasse. O restaurante fica aqui e o endereço é: Revaler Straße 7. Eles não tem site, mas achei mais informações aqui.

Vegetariano: prato de faláfel com saladas é a melhor
 opção do Haroun al Rachid

Salsicha – É difícil encontrar salsicha ruim na Alemanha. No geral, são saborosas, bem úmidas por dentro e servidas de um jeito que eu adoro: um pão minúsculo e uma salsicha enorme. Tem em qualquer esquina, por todos os preços e sabores que se possa imaginar, começando por 1 euro.  Assim, fica difícil errar. A dica, neste caso, é uma opção inusitada e que, certamente, só vai se achar na Alemanha. Tratam-se de uns vendedores ambulantes de salsicha que usam uma espécie de mochila em forma de grelha, onde assam as salsichas que vendem. É bem curioso e gostoso também. A salsicha com um pão custa em média 1,50 Euro. Eles ficam em torno da Alexanderplatz, geralmente em frente ao shopping Alexa. Também já vi várias vezes ao lado do Berliner Dom, próximo ao museu da DDR.

Ambulantes: salsicha saborosa, assada na hora e servida no pão

Comida alemã em miniatura – Esse eu não provei ainda. Mas ouvi falar bem e coloquei nessa lista porque a proposta parece interessante. É um restaurante que serve comida alemã em porções miniatura. Uma amiga foi e disse que 3 ou 4 porções alimentam uma adulto bem. Não é exatamente barato como as opções anteriores, mas é bem mais requintado e oferece a chance de provar várias opções de uma só vez. O restaurante se chama Die Schule (A Escola) e fica na Kastanienallee 82 em Prenzlauer Berg, uma região que pertencia a antiga Alemanha comunista e que é repleta de bares, teatros e restaurantes.  O cardápio das miniaturas esta aqui.  Sopa de cenoura com gengibre, Porco empanado (Schnitzel) com limão, mini Eisbein (joelho de porco) com molho de mostarda, Bulette (um hamburguer fofinho, típico de Berlin) com mostarda e chucrute são algumas das opções.

Miniaturas: a foto é do site do Die Schule e da uma idéia
do que esperar das pequenas porções

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Viagem e turismo: as cinco melhores dicas pra aproveitar Berlin de graça ou pagando pouco


Brandenburgertor: provavelmente o cartão postal mais famoso da cidade

Dizer que Berlin é uma cidade viva é resumir a capital alemã de uma forma muito simplista. A cidade são, na verdade, 16 pequenos municípios que, com o passar dos anos, foram englobados no que se conhece por Berlin. Esse processo vem de muito antes da divisão da Alemanha – e da cidade – em duas e da reunificação, há mais de 20 anos. Com essa formatação, cada um desses bairros de Berlin tem hoje características distintas, um estilo peculiar de moradores e muito o que fazer.

Quem mora por aqui descobre que a cidade tem diferentes estilos de vida em cada um desses espaços: pode ser a hoje região de Kreuzberg com seus cafés e jovens famílias e os hipsters da cidade. Berlin é também o tradicionalíssimo bairro de Charlottenburg, em volta do maior castelo da cidade, e sua região de comércio requintado (Kurfürstendamm, chamada de Ku´damm pelos locais). Pode ser também as ruas repletas de bares, teatros, restaurantes estrangeiros e alternativos de um lado para o outro em Prenzlauer Berg, parte do que já foi a Alemanha comunista. Berlin também tem seus bairros de imigrantes, como Wedding e Moabit (onde é melhor ficar um pouco mais atento se for circular pela madrugada, ainda mais sem companhia). Mas para a maioria dos visitantes, Berlin é mesmo o Mitte – a região central onde ficam os mais conhecidos pontos turísticos.

Para os visitantes interessados em descobrir as mil caras de Berlin ou aqueles que querem apenas cobrir a lista dos “imperdíveis” da cidade (logo vou escrever um post sobre isso), cinco dicas podem fazer a visita mais fácil, interessante e mais barata. Antes delas, porém, fica uma sugestão: se você for estudante, faça uma carteirinha internacional antes da viagem. Os descontos valem realmente a pena. Se não deu tempo de fazer, traga qualquer identificação estudantil da sua universidade mesmo: em muitos casos ela pode ser aceita. Se você for jornalista, traga uma identificação profissional: todos os museus mantidos pelo estado (já explico isso) oferecem acesso gratuito para a imprensa.

Mas vamos às dicas:

1 – Faça um tour “gratuito” pela cidade – Já fiz um post sobre isso, mas repito brevemente aqui. Trata-se de uma caminhada com guia (que pode ser em alemão, inglês, espanhol e outras línguas – embora não tenha visto em Português) que dura umas três horas e passa pelos principais pontos de interesse do centro. Muitos você já “mata” nessa caminhada, mas a melhor parte é ter uma visão mais ampla do que existe no entorno e poder voltar para conferir com mais calma nos dias seguintes. Você não é obrigado a pagar pelo guia, mas o normal é que cada pessoa contribua com uma gorjeta (de 3 a 5 euros no fim da caminhada). O ponto de partida é no Starbucks que fica na frente do Brandenburgertor, as 11h e as 13h, diariamente, faça chuva ou faça sol.

2 – Visite a cúpula da Reichtag de graça e com guia – Assim que souber as datas da sua viagem, entre no site da Reichtag , que é o prédio do parlamento alemão, e agende uma visita. Ele tem um domo lindíssimo, todo em vidro, por onde apenas grupos organizados podem passar. E só entra quem marcou antecipadamente e recebeu a confirmação. No site você pode escolher três opções de data e horário para a sua visita e aguarda que seja confirmado o seu pedido. Também pode optar pela visita simples, com guia ou uma palestra de uma hora sobre a história do prédio e um pouco da estrutura política alemã. Fique atento: você recebe um e-mail automático logo após a inscrição pela internet, mas isso não é a confirmação. Os seus “bilhetes de entrada” só chegam depois que a solicitação for confirmada por um funcionário. Tenha em mãos o nome completo e data de nascimento de todos os que estiverem viajando com você na hora de fazer a reserva.

Reichtag: marque com antecedência e visite a cúpula sem pagar nada

3 – Visite mais de 30 museus pelo preço de um – Existem mais de 170 museus em Berlin e muitos deles são mantidos pelo  Estado.  Outros são operados por empresas particulares ou são franquias de museus internacionalmente conhecidos. Para os museus do estado  - que incluem a maioria das opções na Ilha dos Museus – existe um ticket valido por três dias consecutivos e que custa 19 euros (ou 9,50 para estudantes): uma pechincha. Você compra no primeiro museu que visitar e entra em todos os outros sem custos adicionais. Veja como comprar e a lista de museus no pacote aqui

4 – Concertos, museus e exposições de graça – Existem vários sites especializados na agenda cultural de Berlin com tudo o que a cidade tem a oferecer de graça, mas acho esse o melhor, mas existem outros como este ou muitos que você acha em uma pesquisa rápida. Você escolhe pela data e fica sabendo o que tem de graça nesse dia: pode ser até mesmo um concerto da famosíssima Orquestra Filarmônica de Berlin. Claro que os sites tem muita propaganda, mas com um pouco de paciência, da pra peneirar muita coisa boa.

5 – Faça um tour de ônibus por 2,30 euros –  Esse é o preço da passagem do transporte local para um trecho em uma direção. Se por acaso você comprou o ticket do dia, o seu passeio sai de graça. Isso porque, existe uma linha de transporte coletivo da cidade que faz praticamente o mesmo trajeto dos ônibus turísticos. Trata-se da linha 100 (tem até um site especial sobre ela!!!), que liga a estação Zoologischer Garten à Alexanderplatz (ou Alex, para os íntimos!). Você pega ao lado da Reichtag, nos pontos de ônibus convencionais (aqueles que tem a letra H marcando). O ônibus é de dois andares e passa a cada 10 minutos. Se você comprar o ticket de 2,30, tem duas horas para terminar o passeio (pode sair e voltar para o ônibus nesse tempo).

Caso tenha o ticket do dia, então leva o tempo que quiser e percorre pontos turísticos como: Gedächtniskirche, Zoologischer Garten, Siegessäule, Schloss Belleuve, Haus der Kulturen der Welt, Reichtag, Brandenburgertor, Gendarmenmakt, Zeughaus, Humbolt-Universität, Deutsche Staatsoper, Lustgarten, Berliner Dom, Nikolaiviertel, Rotes Rathaus, Fernsehturm e Alexanderplatz. Ou seja, cobre praticamente o que a cidade tem de melhor. Claro que no ônibus de linha não vai ter um fone de ouvido e nem um guia explicando, mas nada que um aplicativo de celular com as descrições, um guia de turismo impresso ou mesmo uma pesquisa antecipada na internet não resolvam.

Linha 100: o postal mostra que ônibus convencional cobre o melhor da cidade 


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Coisas pra aprender com a Alemanha: Blumenau só não tem praia porque não quer


Eu sou de Blumenau (SC). Quem conhece a cidade sabe que o centro é cortado por um rio, o Itajaí-Açu. O mesmo que algumas vezes transborda e coloca a cidade nas manchetes do Brasil e do mundo, sofrendo com as enchentes. E quem conhece Blumenau também sabe que na cidade faz muito, muito calor: esta semana mesmo a sensação térmica chegou aos 49 graus. A soma das duas coisas apareceu hoje de forma criativa na timeline do meu Facebook: fotos em que o rio foi substituído pela praia, tornando real por instantes o desejo de todos os blumenauenses de nascimento e coração:  ter a areia pertinho e a água para refrescar em um dia quente.



Não sei quem fez a montagem. Se souberem, avisem para que possa dar o devido crédito das fotos (heis que o Tiago Salm escreveu em 13.06.2016 dizendo que ele é o autor das fotos! Crédito dado!!!). O fato é que essa montagem tornou inevitáveis algumas comparações. Embora viva atualmente em Berlin, morei por mais de três anos em Bremen, uma cidade de pouco mais de 500 mil habitantes que, em muitos aspectos se parece com Blumenau. E eu diria que o principal deles é o rio Weser que corta a paisagem bem no centro, trazendo certa semelhança à paisagem.  Mas iria além: diria que Blumenau tem muito a aprender com Bremen em vários aspectos e um deles é exatamente em como transformar seu desejo em realidade.

Bremen: a cidade é cortada pelo rio Weser

A grande diferença entre o rio Weser e o rio Itajaí-Açú é que o rio de Bremen é limpo e não recebe esgoto doméstico e industrial de milhares de habitantes. As águas não são cristalinas, mas isso pouco importa. Bremen fez do rio a sua praia e em vários pontos da margem – incluindo no centro da cidade, como desejam os blumenauenses – existem praias de areia onde, no verão, os alemães instalam suas cadeiras, armam o guarda-sol e aproveitam para nadar e brincar na água. A cidade tem ainda lagos que cumprem a mesma função:  tem espaços cercados para as crianças brincarem, áreas reservadas a nudistas e tudo o que se pode esperar do litoral. Menos vendedores ambulantes, que por aqui não existem mesmo.

Mas tem barraquinha de sorvete, banheiros públicos (limpos!), restaurantes na orla, salva-vidas, espaço pra quem quer fazer um churrasquinho (que por aqui é bem visto e não tem nada de farofagem). Tem ainda estacionamento para os carros, espaço para caminhadas e para as bicicletas: é um espaço democrático onde se pode ir de jeans, biquíni ou roupa nenhuma.  Bremen fica longe do mar, mas é uma cidade com praias. E não é a única na Alemanha. Em Munique, até se pode surfar. Em Berlin, as praias são movimentadas como essa e podem-se alugar casas para a temporada. E em nenhum desses lugares a água salgada se faz presente. 

Espia só alguns dos espaços de Bremen:



O que se pode aprender com isso? Que a montagem feita para anunciar um sonho impossível não é tão impossível assim: é provável que a praia não tenha ondas. É provável que os espaços tenham mais gramados do que areia. E a Ponta Aguda vai continuar a existir! :) Mas é possível que Blumenau tenha suas praias também e transforme os rios das mazelas em praça de lazer. Se eu acredito que isso possa acontecer? Não sei se vou viver tanto para ver, mas certamente vou ficar com a imagem na cabeça e certa de que isso será uma prova cabal do desenvolvimento sustentável da cidade e da recuperação ambiental de todo o rio, da fonte à foz.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pelo fim das sacolas plásticas: o Brasil pode virar “gente grande”!


Com tantas outras causas maiores para discutir, o Brasil está indignado com a política de os supermercados não distribuírem mais sacolas plásticas. Confesso que esperava bom senso de muita gente que está reclamando sobre o assunto. A minha timeline do Facebook está povoada de objeções de todos os tipos.  Fala-se desde teorias da conspiração de indústrias de plástico para faturar mais até a sugestão absurda de exigir que os mercados – que já teriam embutido o preço das embalagens nas mercadorias – distribuam sacolas de papel no lugar das plásticas. Eu acho que as coisas no Brasil custam caras, muito caras, mas esta última ideia é, de todas, a coisa mais absurda que já li: parar de oferecer plástico por uma questão ambiental e ai cortar um montão de árvores para oferecer os sacos de papel... Até agora, todos os argumentos contrários ao fim das famigeradas sacolinhas que eu li foram o resumo de uma visão meio simplista.

Campanha pedindo sacolas de papel: uma das coisas mais absurdas que li recentemente

Aqui na Alemanha faz muitos anos que todo mundo paga pelas sacolas plásticas, paga-se também pelas garrafas pet (e é caro! Em média, 25 centavos de euro por cada vasilhame, mas se recebe o dinheiro de volta com a devolução os "cascos"). Essas duas medidas simples tornam o volume de lixo é muito menor e a diferença é visível por toda a parte: não há lagos e rios cheios de garrafas ou sacolinhas jogadas com um punhado de lixo nos barrancos.  

Por aqui, cada sacola custa entre 10 e 25 centavos de euro, dependendo do tamanho e da qualidade. Existem as especiais também (e mais caras): de papel, especiais para conservar alimentos frios e as reutilizáveis, de algodão cru, vendidas no caixa de todo e qualquer mercadinho.  A maior diferença é que você passa a usar as sacolas com mais parcimônia: no Brasil, o empacotador (nem vou entrar na celeuma de discutir sobre isso!) coloca duas ou três sacolas, uma dentro da outra, para que o cliente leve até a porta do carro, estacionado no pátio do mercado, meia dúzia de coisas, que por sua vez já estão dentro de outros sacos (como as frutas) ou embalagens.

Há quem defenda que essas sacolinhas são reaproveitadas para armazenar o lixo doméstico, mas eu discordo desse argumento com uma simples observação. Todo mundo no Brasil tem em casa muito mais sacolinhas do que precisa para usar no lixeiro, além de jogar a maioria delas fora porque rasgaram no caminho, molharam... Além disso, na verdade, a maioria das pessoas já compra sacos de lixo (e coloca dentro de uma sacolinha pra levar o saco com os sacos para casa!) e coloca o lixo nas sacolinhas e as sacolinhas no saco. São raros os que não fazem assim.

Só pra completar: na Suíça, o morador paga uma verdadeira fortuna pelos sacos de lixo comum e recebe de graça os sacos (de cores diferentes) para os reciclados. O lixo comum só é recolhido pelo serviço de limpeza quando armazenado nos sacos que tem o logo da cidade. Sabe por quê? A taxa de cobrança de lixo está embutida do preço dos sacos de lixo não reciclado: quanto mais você produz, mais paga. Se reciclar, produz muito menos e paga bem menos. Mas claro que o Brasil ainda esta a anos-luz de alcançar uma situação como essa. Mas o exemplo não deixa de ser válido.

Voltando ao tema principal desse post.  Eu sou completamente a favor da cobrança pelas sacolinhas: é uma mudança cultural e por isso encontra tanta resistência. Mas no fim das contas, quando se aprende a conviver com as novas regras, as melhorias são evidentes.  É uma mostra de que o Brasil está amadurecendo e só posso ver com bons olhos tal prática. E digo mais: tomara que passem a cobrar pelo "casco" dos PET também. Assim todo mundo devolveria no mercado, o percentual de reciclagem seria muito próximo de 100% e todos saem ganhando.

O que mais me deixa chateada em ver os comentários esbravejando contra o fim das sacolas é a falta de compreensão quanto ao entendimento da essência da medida. A ideia não é fazer ninguém pagar duas vezes - e nem um complô de indústria alguma: o ponto básico é desestimular o uso de sacolas. Parece que as pessoas não entendem é que ninguém precisa pagar por elas: é só levar as suas sacolas ecológicas de casa e pronto. E neste caso, aposto que vai ter muita instituição social, clube de mães e tudo o mais vendendo sacolas ecológicas de todos os tipos, cores e tamanhos. Eu uso as mesmas há 3 anos e meio aqui. E uso todas as vezes que vou ao mercado. Simples assim: não cai nenhum dedo, não falta sacola em casa (já que compro sacos – bem baratos! – do tamanho ideal para cada necessidade ou uso as sacolas que por ventura aparecem dando bobeira, já que as lojas, livrarias e tantos outros estabelecimentos continuam fornecendo sacolinhas o suficiente para suprir a demanda da casa!).

Uma coisa precisa ficar clara e é exatamente isso que as pessoas parecem não enxergar ou não querer entender:  as mesmas pessoas  que publicam quadrinhos de “salvem os animais” ou se julgam politicamente corretas. Fica dito:  a cobrança das sacolas deve ser encarada não como um pagamento duplo, mas como um tipo de "multa" para quem não levou as suas próprias sacolas... Trata-se de uma mudança de atitude e não há razão para questionar algo tão positivo.  

Turismo na Alemanha em pleno inverno: É bom estar preparado para o frio europeu


Claro que todo mundo sabe que no verão faz calor e que deve gelar no inverno, e que isso não deveria ser assunto pra um comentário. Mas a vida funciona assim: o que seria do papo do ponto de ônibus se não fosse a previsão do tempo?

Berlin: -15 no café da manhã, mas a sensação era de mais frio ainda, -22
(Screenshot de um dos poucos sites que realmente acertam a temperatura e a previsão do tempo aqui na Alemanha: pode colocar o www.wetter.de nos favoritos!)

Este ano o inverno deu uma de sacana. Demorou pacas pra chegar, mas depois chegou “chegando”, por assim dizer. Em uma semana estava +3 para, dois dias depois a coisa começar a congelar e chegar a -15 hoje de manhã aqui em Berlin, com sensação térmica de -22. Isso é frio, muito frio e ainda pode piorar. Só não teve muita neve ainda: caíram uns floquinhos esta semana, mas foi coisa pouca. Ainda da pra ver um resto de gelo nas ruas, já que a temperatura não foi além de zero em momento algum.

]Por aqui o tal papo é mais raro, mas ainda assim saber da previsão faz parte do dia a dia de forma mais intensa até, eu diria. Porque é preciso saber como se vestir, já que até se morre de calor, mas é muito mais fácil morrer de frio, literalmente. Este ano, dezenas de pessoas já morreram na Europa por conta da falta de proteção: com mais ênfase no Leste europeu, onde as condições de vida são piores. Mas a Alemanha não está isenta de mazelas: a prefeitura de Berlin estava fazendo uma campanha pela TV pedindo doações para ajudar a manter abrigos aquecidos para a população de rua (sim, aqui tem mendigo também). Além disso, se a marmota estiver certa, o anúncio é de mais seis semanas de inverno intenso.

O fato é que essa friaca toda requer alguns cuidados especiais, especialmente pra quem vai encarar o inverno alemão pela primeira vez. Claro que alguém já teve ter avisado que janeiro não é a melhor época para fazer turismo na Alemanha, mas se você decidiu encarar o desafio, é bom estar prevenido para não congelar ou adoecer.  A primeira dica é: não gaste seu rico dinheirinho em casacos antes de sair do Brasil. Claro que você precisa de um para a chegada, mas invista em roupas compradas aqui mesmo na Europa. Primeiro, por que elas são muito mais baratas e segundo, por que são modeladas e preparadas para quem precisa enfrentar as temperaturas bem abaixo de zero. 

Quer um exemplo: os sobretudos de lã que vendem no Brasil geralmente têm cortes lindos... e decotados. Tudo o que você não quer é deixar seu colo exposto às rajadas de vento que fazem o frio chegar aos ossos. E por aqui tem casacos fechadinhos pra todos os bolsos... dos 8 euros aos 8 mil (tem uma avenida, a Kurfürstendamm, onde estão as lojas das marcas mais caras do mundo). Algumas dicas estão aqui, se você esta mais para o time dos 8 euros. Calça de cintura baixa é outro desaforo: deixe a piriguete que existe em você no Brasil e suba a cintura do vestuário. Não precisa voltar aos anos 80: mas qualquer coisa que não cubra as costas e a barriga de forma adequada é um convite a uma cistite que pode estragar as férias. E por ai vai.

Quanto ao frio, é preciso saber que qualquer temperatura abaixo de -5 provoca desconforto na hora de respirar: o ar entra gelado e chega a doer. Não há muito o que fazer quanto a isso. Evite passeios de muitas horas seguidas ao ar livre: alterne monumentos ao ar livre com museus e outras opções em locais fechados. Se desloque de ônibus ou trem entre um ponto e outro sempre que possível e pare para beber um café ou chocolate quente. Mantenha os pés secos: invista em uma boa bota impermeável e com forro de lã (não esqueça de levar um par de meias secas na bolsa: não pesa nada e pode quebrar um galho!).  O nariz também congela, as bochechas formigam e depois perdem a sensibilidade: assim é a vida. A parte boa é que tudo tem calefação: as casas, os mercados, o trem, o ônibus.

E essa também é a parte ruim, de certa forma. Você está lá na rua congelando... entra em uma loja e em dois minutos ta quentinha... para então começar a se sentir desesperada de calor e quer arrancar uma a uma as várias camadas de roupa que está usando. O mesmo acontece no trem: mas ai precisa colocar todas essas camadas novamente antes de descer pra não congelar.  Claro que os alemães não fazem isso: de alguma maneira eles desenvolveram uma capacidade pecilotérmica. Ficam lá, paradinhos, de nariz vermelho, como se não estivessem sentindo calor algum... Vá entender.

Antes da roupa toda, anota ai outra dica: hidratante. Parece uma coisa meio óbvia... mas depois de três banhos com a água super calcária aqui da Alemanha você começa a descascar e mesmo a ter rachaduras nos tornozelos, cotovelos e canelas, especialmente. Abuse dos hidratantes:  deixe pra comprar isso aqui também, já que são excelentes e bem mais baratos que no Brasil. O mesmo vale para aqueles sticks para os lábios, tipo manteiga de cacau: é bom ter sempre um ao alcance.  Ah... e por fim, já vá se acostumando: nunca esqueça de levar lencinhos de papel no bolso. Nesse troca-troca de temperatura,  o nariz vira uma goteira e nada pode ser pior do que ficar fungando pra todos os lados.  :) Ah... pra fechar, lembrei de um post bem nonsense que escrevi faz um tempinho com considerações genéricas sobre a neve.  Espero que ajude... enquanto o termômetro não volta a ser positivo.
de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel